Sunday, February 06, 2011

Noite de Âmbar



Pensando o óbvio. Perante a negritude da noite, os candeeiros reluzem, iluminando baçamente a estrada, dando um tom ocre ao asfalto molhado.

O comboio desloca-se depressa, nesta noite revestida a tons sépia. No seu interior, parecemos bonecos coloridos, aprisionados numa redoma, circundada por um jardim de cobre, estanho e argila.

A luz interior é de um branco enfermo, que perdeu há muito a sua vivacidade, apresentando agora uma mescla de pálidos tons esverdeados e azulados.

A visão através da janela proporciona uma perspectiva alargada das ruas, mas paradoxalmente redutora, perante a dificuldade de contemplar as suas formas, graciosas ainda há algumas horas atrás.

Só me resta a minha imaginação. Só recorrendo a ela conseguirei vislumbrar algo para além desta Noite de Âmbar.


Road Movie


The closing of a door leads to the opening of another. The feeling of entrapment that was weighting in my shoulders is now gone, as I leave home and head for the car. As I sit, I sense an aura of mystical proportions. The dark road takes me in a journey into the unknown, through a lost highway towards the realm of bizarre. The dusk carries a misty breeze. It mixes with the dust that flows from the surrounding desert. The headlights cut through the darkness of the foggy night as I head into the void. Odd occurrences await me in this parallel dimension. The road is long, by my will matches it.